segunda-feira, 8 de março de 2010

DIA INTERNACIONAL DA MULHER - Semana da Mulher

Em 08 de março de 1857, a cidade de Nova York foi palco da primeira greve conduzida por mulheres que se tem conhecimento na história. Eram 129 operárias têxteis exigindo melhores condições de trabalho. Anos depois, durante um incêndio causado pela falta de segurança nas péssimas instalações de uma fábrica têxtil, de 146 pessoas, na maioria mulheres.
Hoje, o 8 de março é uma referência e um reflexo de todo um movimento em prol da igualdade de direitos, embora ainda hoje prevaleça a desigualdade de gênero.Na atualidade, as questões estão mais complexas. Rose Marie Muraro traz uma séria reflexão sobre a ditadura do corpo perfeito que eu gostaria de transcrever com alguns extratos:
“Desde que começamos a trabalhar com mulheres, a pergunta básica que nunca deixou de ser a mesma é sobre o tratamento da mídia a respeito do corpo feminino. Agora, contudo, devido ao avanço da tecnologia, a coisa está se tornando mais grave. O consumo não é mais sobre a forma física da mulher, que é sempre jovem, magra e bela, mas sobre seus laços mais profundos.
Sites americanos e brasileiros apresentam o “pacote de cirurgia pós-parto”: lipoaspiração para retirada das gordurinhas extras, correção da vulva e dos seios, tudo para consertar o “estrago” que a gravidez faz no corpo da mulher.
O vínculo amoroso imprescindível com o bebê e a intimidade da amamentação, deixaram de ser a prioridade?Sim. Para a sociedade de consumo, nem o corpo da mulher nem o da criança nem o do homem são prioridades. A prioridade única e exclusiva é o lucro e a beleza.
No depoimento de algumas mulheres motivadas a comprar o “pacote”, os argumentos giravam em torno de garantir a permanência do desejo do marido, preservar a boa imagem no ambiente de trabalho, destacar a importância do corpo perfeito. E agora perguntamos: vale a pena ficar com um companheiro que só nos quer se estivermos “com tudo em cima”? O consumo também engole os valores mais profundos do amor.
Ao invés de aumentar a auto-estima, o “modelo perfeito” de homens e mulheres só faz com que esta diminua e seja substituída por um mal-estar subjacente que, desde a adolescência, persegue homens e mulheres a respeito de sua imagem até o fim da vida. Porque é impossível para o ser humano médio competir com os padrões de beleza que vê nas revistas, nos filmes e nas novelas de televisão.
O fato se agrava cada vez mais à medida que a mulher vai amadurecendo.
Na maioria dos países desenvolvidos, os anos de vida útil aumentam cada vez mais, e cada vez mais se faz uma publicidade para a beleza amadurecida. No Brasil, as companhias de cosméticos não conseguem furar a barreira do preconceito da eterna juventude, a fim de criar uma “juventude” interna que não se desgasta com o correr dos anos.
Em meio a intensas dores e desconforto de uma plástica de abdome para tirar a barriguinha que ficou mal na foto, uma mulher de meia - idade pensa na calça jeans e nos vestidos de malha que conseguirá usar depois de atravessar a via-crúcis do pós-cirúrgico e das várias limitações à sua mobilidade nas primeiras semanas.
Qual verdadeiro sentido desse sofrimento auto-imposto?
O amor, o desejo, a ternura e a cumplicidade podem existir entre pessoas com corpos imperfeitos.
Ao contrário do que a mídia apregoa, quanto mais maduros homens e mulheres, mais profundas se tornam suas relações, mais independente de estereótipos e mais prazerosas, de um prazer inabalável, se não fosse o bombardeio midiático de que a velhice é uma doença, e não uma plenitude.
Para onde nos leva o capital/dinheiro? São inaceitáveis as marcas (e os marcos) do tempo no corpo? É imoral envelhecer?
O pior é que não é só o corpo que o capital/dinheiro destrói. Ele destrói também a capacidade de homens e mulheres de aprofundarem a sua relação com a realidade. Destruir o corpo real e substituí-lo por um corpo de consumo é também substituir a “realidade real” por uma “realidade de consumo”, que tende a destruir a própria espécie humana (a partir do desequilíbrio climático pelo excesso de consumo).”

Ivânia Ribeiro
Professora do Curso de Letras da FAFIMA
Ex- vereadora em Macaé
Diretora do Sindicato dos Professores
Ex-participante da Associação Macaense de Mulheres
Participante do Núcleo 8 de março.
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Macaé

2 comentários:

Ivana Matos Pinheiro Tavares disse...

Parabéns Prof. Ivânia
Brilhante texto , que ressalta exatamente o que vivemos hj.

Unknown disse...

Parabens Porf. Ivânia, seu texto relata bem a realidade de hoje em dia, porem não devemos nos esquecer que quem acaba ""alimentando"" essa industria, são as próprias mulheres, já que são para as outras que elas se arrumam. Como homem e marido, admiro em primeiro lugar o carater de minha mulher, agora, se o corpo não esta dentro dos padrões de beleza, para mim não importa, afinal escolhi uma mulher, um ser humano, para companheira e não uma boneca BARBIE.
Abraços
Guaracinir de Carvalho

PS: PARABENS PELO SEU DIA