domingo, 15 de agosto de 2010

CRIAÇÃO E EVOLUÇÃO - UMA VIA DE MÃO DUPLA

  Hoje, uma das maiores discussões em sala de aula, num país  onde o fator religião impera de maneira generalizada, é a colocação do conteúdo  sobre a Evolução das Espécies.
  De modo geral, os adolescentes não aceitam de maneira integral  o conteúdo exposto pelos professores  e se perturbam em questionamentos internos ou até mesmo extravasando em perguntas irônicas e debochadas.
  Não há como criticá-los por isso e nem mesmo  podemos tentar  impor opiniões pessoais sobre questões subjetivas. Cada um tem o direito de desenvolver sentimentos diferenciados no modo de objetivar  seu olhar para a vida.
   Entretanto  é relevante  ressaltar que fazemos parte de uma  sociedade patriarcal, cheia de resquícios  religiosos medievais onde os dogmas  se fazem presentes de maneira  pouco racional e muito imposta .
  Chegando ao extremo de professar a fé num único Deus  e ao mesmo tempo, promover uma  divisão de classes, onde um grupo se separa ,  hostiliza, e até mesmo ridiculariza  outro apenas por ostentar rótulos religiosos diferenciados.
   Se tivermos  paciência e  sabedoria  para  irmos buscar os conteúdos que juntos tornariam  explicáveis e com certeza  menos dolorosos e contraditórios  todo esse impasse, teríamos a chance de  ver nossos alunos crescendo no conhecimento prático, aliado a justificativa de sua fé.
  Quando lemos, nas primeiras páginas do Gênesis Bíblico, a formação do universo, onde a mistura  dos  elementos  constroem  as  formas,  não negamos o Poder do Ser que os manipula.
  Contudo, temos que entender que esse mesmo “Ser” não   cria  ou altera suas formas e / ou   suas funções  de maneira aleatória  e sem  propósito.  Tudo na natureza tem seu encaixe perfeito nesse sistema
  Todas as coisas  como não poderiam deixar de ser estão interligadas num processo criador  de sustentabilidades  e  inteligência
  Os pontos de vista se divergem  então nas formas pela  qual surgiram  e o questionamento é;  se tudo foi criado pelo simples poder da “Palavra”, como num passe de mágica, ou se a mesma “Palavra” se faz através da construção dos elementos.
  Essas respostas podem buscar dentro da  própria Bíblia, livro no qual se baseia todas as respostas dos que se contrariam  com as colocações de uma nova versão para o crescimento  e evolução dos seres sobre a terra.  
  No capitulo 3, da Segunda Carta de Pedro, versículo 8 diz:   “Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia”.
 Temos ai  à explicação lógica dos movimentos da humanidade e percebemos claramente que o tempo Kairós,( tempo de Deus ) se diverge totalmente do  Cronos (tempo humano ).
 È licito raciocinarmos, sem  correr o risco de ser herege, que Deus deu  a todas as coisas seu tempo exato  de construção e formação. No caso do homem, isso não foi diferente.
 Sua evolução se deu no exercício de sua inteligência  através da busca do conhecimento  e condicionamento aos espaços em que melhor se adaptavam.
 Aprendemos a andar eretos, a lidar com fogo, a nos cobrirmos  do frio, a reconhecermos  as fases da lua, a cozermos os alimentos,  a coletar sementes e depois replantá-las,  a nos agruparmos  e  protegemos,  e a formamos uma sociedade, entre tantos outros fatores.  
 Há esse tempo os cientistas, fizeram suas classificações,  dividiram - na  em períodos, fizeram uma cronologia expositiva, assim o homem criado por Deus passa a ser a princípio  o homo sapiens, do período  paleolítico, com grandes probabilidades de ser africano embora a citação  Bíblica lhe dê uma localização  diferenciada, como próximo onde hoje é  o Iraque, entre os rios Tigre e Eufrates.
  Mas se partimos do pressuposto de que a área de criação pode ter dimensões amplas, não se restringindo a um pequeno espaço  e  como estamos falando de alguns milhões de anos, a possibilidade de ser um mesmo lugar se torna bem grande.
  Na Bíblia, ainda no Gênesis, vemos a descrição de homens que através do seu aprendizado e inteligência criaram tecnologias  nas formas de defesa  através de  suas   armas feitas de ferro e bronze,  inventaram instrumentos musicais como  a harpa e  a flauta,  aprenderam a construir tendas  para se abrigarem do tempo e a  lidar com o gado para seu sustento.  ( ver:  Bíblia Sagrada , Livro do Gênesis  capitulo 04 , versículos 20, 21 e 22)
Esse texto nos mostra que igualmente  aos estudos científicos, o processo  foi se construindo lentamente  através de  erros e acertos  ao qual a humanidade vivencia  até os dias de hoje."

 Não temos respostas para tudo, mas  podemos ir buscá-las.
  Então pergunto, por que criarmos essas divergências tão ilógica, que só confundem e aprisionam o conhecimento das mentes em formação, e mantêm na ignorância  as que assim anteriormente a  receberam?
  A quem interessa a intolerância  e a ignorância do conhecimento aberto e continuo?
  Até quando deixaremos as formas do sistema controlar aquilo que foi  feito para ser livre e pensante.
 O interesse pelo conhecimento deve ser estimulado, e  da mesma  forma que expurgada  a  manipulação  através da omissão , seja ela por interesse  ou por  ignorância , mostrando  que há opções  as novas gerações.
 O objetivo aqui não é de forma alguma  desacreditar ou dar credibilidade a teologia ou a ciência, pelo contrário. O objetivo é mostrar que ambas podem ser utilizadas em sala de aula como vertentes diferenciadas e que ao mesmo tempo podem se complementar.
 Só assim aprenderemos a respeitar  e a conviver  com a construção   pessoal  que  cada um  escolhe  dar  a sua vida, aliadas ao  conhecimento, a fé  e a evolução  de um mundo onde a ignorância  de qualquer  origem  não pode ter   espaço.


 Bibliografia utilizada:

Bíblia Sagrada
Versão Ferreira de Almeida
Imprensa Bíblica Brasileira
Ano: 1997

América Pré – Colombiana
Ciro Flamarion Cardoso
Editora Brasiliense
São Paulo
2004


Ivana Matos Pinheiro Tavares

Graduando em História
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Macaé